Um jeito diferente de conhecer Orlando

Um jeito diferente de conhecer Orlando

Resolvi começar os artigos de Orlando escrevendo pelo final, fazendo as considerações finais da viagem, falando sobre minha experiência como deficiente visual na terra da magia. 😉

Já escrevi aqui que morei em Orlando há 7 anos atrás (leia aqui). Na época posso dizer que enxergava relativamente bem, então nesse meu retorno eu “veria Orlando com outros olhos”.

Pretendia ir sozinha para Orlando, já que conhecia mais ou menos a cidade. Em abril fui a uma feira de turismo, a WTM, e fiz contato com o pessoal de todos os parques de Orlando, questionei se teria algum funcionário para me acompanhar dentro dos parques e me disseram que não. Como nos parques tem muita gente, barulho, seria muita distração para Hilary me guiar, e achei melhor levar minha mãe junto comigo. Como sabia que se eu falasse ela não toparia de início, resolvi fazer uma surpresa, comprei a passagem e só contei no Dia das Mães que ela me acompanharia, preciso dizer se ficou feliz? 😀

Os detalhes do planejamento você pode ler em Planejando a viagem para Orlando, aqui iremos direto ao ponto!

Todo mundo me dizia que seria bem diferente com a Hilary nos Estados Unidos, pois lá já estão mais acostumados com cão guia e respeitariam mais. De fato, foi tudo bem mais fácil, em momento algum precisei dizer que era cão guia ao entrar nos estabelecimentos, ninguém me questionou e muito menos barrou por eu estar com um cachorro, achei isso ÓTIMO!

Com essa experiência, pensando que já andei com ela em alguns lugares do Brasil, Chile e EUA, conclui que a parcela da população que AMA cachorro é enorme! Mesmo respeitando mais, muitos faziam aquela vozinha que fazemos quando vamos falar com cachorro ou criança (não sei porque temos mania de fazer essa vozinha horrorosa!kkkk) e perguntavam se podiam tocar nela, algumas crianças levavam bronca quando tocavam, tadinhas! Atropelei uma criança quando a Hilary me guiava no Sea World e a criança entrou na minha frente para mexer nela, pedi desculpas envergonhada e o pai ainda deu bronca no pobrezinho porque ele estava falando para a criança não mexer e ele não obedeceu. Alguns adultos também mexeram nela sem me perguntarem… :S

Por causa dela muitos vinham puxar conversa comigo, falo inglês, mas não fluente, fiquei 7 anos sem falar a língua, estava bem enferrujada..rs…a pessoa disparava a falar e eu só ficava “olhando” tentando entender mas não entendia boa parte, aí só sorria, dependendo da entonação agradecia ou concordava e cheguei a uma conclusão, preciso treinar  meu inglês urgente!! Afinal, ainda viajarei pelo mundo todo! 😉

Assim como passo por situações chatas aqui, de pessoas que tem medo de cachorro, passei lá também. Quando fiz uma pergunta para uma funcionária da ROSS, ela me ignorou e se afastou por causa da Hilary, uma funcionária de uma montanha-russa no Sea World não me ajudou a sentar no brinquedo por medo dela e depois que minha mãe se afastou com a Hilary ela veio fechar a trava e ainda disse que o cachorro era fofo, quase falei um monte, mas a educação e falta de domínio do idioma não deixaram…rs.

Além dos parques de Orlando visitamos Daytona Beach, Sebastian Beach, Winter Park, Winter Garden, Celebration e Oviedo, onde ficamos hospedadas.

É tudo uma graça na Flórida (pelo menos os lugares que conhecemos e conheci no passado). Contei bastante com a ajuda da minha mãe na descrição dos lugares, isso me ajudava a formar as imagens na minha cabeça, que talvez até fosse mais bonita do que a imagem real. 😉 Em Celebration, ficava imaginando aqueles casarões estilo a dos filmes americanos, sem portão e com aqueles jardins na entrada!

Estou em frente a uma grande casa rosa, parece casa de boneca, na frente possui um belo jardim

Não vou mentir e dizer que não senti falta de enxergar, principalmente os cenários dos parques que é tudo muito maravilhoso. Mas isso não atrapalhou a minha diversão, pelo contrário, usei todos os meus outros sentidos para a viagem ser incrível!

Nos parques tem as músicas que tocam por todo o lugar e te envolve naquele mundo mágico e principalmente te faz sentir vontade de voltar a ser criança. E você não só sente vontade, mas volta a ser! Isso é o que mais gosto dos parques! rs. Além das músicas tem a energia do lugar, quem está triste em um parque em Orlando? Tem lugar melhor para captar boas energias? =D

Lá não temos muitos “benefícios” por sermos deficientes visuais. Por exemplo, aqui tem fila preferencial, lá não, ficamos na fila normal. Nos parques eu pegava fila especial por causa da Hilary, mas nem sempre era assim, dependia muito do atendente que estava na entrada das filas.

Foi muito importante ter minha mãe comigo para descrever as coisas. Era incrível quando ela falava dos jacarés nos lagos, que só dava para ver os olhinhos para fora (me disseram que todo lago na Flórida tem jacaré #medo!).  Ficava olhando para água imaginando os olhinhos e a imaginação ia longe… Aliás, a imaginação voou longe por muuitas vezes nessa viagem!

Uma coisa que acho engraçada de outros países é a falta de costume que eles tem de tocarem nas pessoas, um funcionário de uma montanha-russa, quando foi me ajudar, me avisou que iria me tocar antes de fazê-lo. A primeira vez que fui a Paris levei um “pequeno” tombo…rs…o rapaz ficou em volta de mim me olhando para ver se eu estava bem, mas não me ajudou a levantar, aqui no Brasil se isso tivesse acontecido teriam várias mãos para me ajudar! (já passei por isso aqui também, quem nunca?rs)

De modo geral acho que os parques não estão muito preparados para receber deficientes visuais, muitos não sabiam como “lidar”. Isso também será discutido com mais detalhe em outro artigo. 🙂

Confesso que fiquei um pouco nostálgica na viagem. Eu olhava para as coisas que enxergava no passado e que hoje não conseguia mais ver, formava na minha mente as imagens do que já tinha visto e criava novas, conforme a descrição que minha mãe fazia dos lugares. Isso me fez pensar em como as coisas podem mudar de uma hora para outra, mas que tudo acontece no momento certo e que não devemos deixar as oportunidades passarem.

Apesar de não enxergar as paisagens, curti a viagem de uma forma sensorial, ou seja, ao invés de “ver”, eu “senti” Orlando! Tudo bem diferente mas não menos maravilhoso! Voltei há menos de 1 mês e já estou doida para retornar!

 

Acompanhe também nosso canal no Youtube, já comecei a postar vídeos da viagem! Nas nossas redes sociais tem várias fotos que fui postando enquanto ainda estava por lá.

 

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